domingo, 10 de agosto de 2008

então diga-me escuridão - parte 3

Noite difícil... Exausto, ofegante, suado, mas faz frio... Meu corpo dói, meus músculos parecem estar moídas como se tivesse saído de uma maratona... Sinto o gosto de sangue em meus lábios... Mordi a língua... Ela dói, assim como meu corpo.
Nos sonhos eu tava fugindo... E ela vinha atrás de mim... Ligeira, sem perdão...Parecia uma sombra, não saia da minha cola, não havia como despistá-la... Queria me sufocar na escuridão... Pensei em gritar, mas a voz não saia... Resistir seria inútil. A coisa vinha de dentro... Dos ossos, das entranhas, do sangue, do coração, do fundo da minha alma.
Corri que nem um louco, desgovernado... A coisa vinha, continuava atrás de mim... Aos poucos ela me alcançava... Estava exausto, pés doloridos e a perna formigava, os músculos e tendões pareciam que iriam se romper a qualquer instante... Ela me pegou... Me dilacerando de dentro para fora... Meu interior estava exposto... Mesmo assim continuei a correr e a lutar contra aquilo, mesmo sabendo que não havia escapatória e que o esforço seria em vão... Tinha que fugir... Sempre... A coisa incansável continua atrás de mim... Bate, ruge, quer, manda, ousa... Fugir é só que posso fazer... A fera esta saindo e vem atrás de mim e o único lugar que resta é me alojar na solidão... Para bem longe da besta que há em mim...
Acordei apavorado. Não dormi nada. Cansado. Minha cabeça parece estar sendo espremida por um aparelho de tortura medieval... Venho batalhando todas as noites... Todas as noites eu fujo para bem longe, corro o máximo que posso da fera, mas sempre tenho a sensação que a guerra que travo a muito está perdida... Ainda cansado, heroicamente triste, me ponho de pé... Viver já é um ato heróico...

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